segunda-feira, 28 de junho de 2010

CÓ-CÓRÓ-CÓ !

A MANHÃ

Tecendo a Manhã

João Cabral de Melo Neto

"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".

sábado, 26 de junho de 2010

UMA ROSA NASCEU

NOSSO IRMÃO

DE LÁ PRA CÁ

VAPOR FANTASMA





" Mãe, oh mãe,
Que luz é aquela
Que vem acolá?
É o vapor fantasma, fia...
Que já vem chegar"




Há no Rio São Francisco, no trecho navegável de Juazeiro da Bahia à Pirapora Minas Gerais um vapor (navio ) encantado, bonito, de linhas iguais aos navios, os gaiolas que faziam a viagem na carreira grande de Juazeiro a Pirapora Vapores da Viação Bahiana do São Francisco, Companhia Navegação do São Francisco, a Companhia Indústria e Viação de Pirapora, Dourado & Viana e Companhia e, Viação Mineira. Como a Viação Bahiana com sede em Juazeiro e porto em Juazeiro, porto natural, e nós ribeirinhos tínhamos por aqueles navios um grande amor e hoje grandes saudades, tanto nós juazeirenses ainda temos desejos de ver o Vapor Fantasma. Ele é todo iluminado, viaja de Pirapora a Juazeiro.
Há quem diga que a pessoa que tiver a sorte e ver o Vapor Fantasma será feliz para sempre, outros já dizem que a tripulação do Vapor poderá descer e levar a pessoa para o Vapor, e para casa jamais voltará.
Encantos do vapor Fantasma.

Mistérios ! mistérios !

" Mãe ! Que luz é aquela
Que brilha acolá ?
É o Vapor Fantasma, fia
Que já vem nos buscar
Que j´s vem nos buscar e feliz
Pra sempre vamos ficar"

Que luz é aquela que vem acolá?
É o Vapor Fantasma, morena,
Deixa pra lá....

LIVRO: Lendas e Mitos do São Francisco
AUTORA: Maria izabel Muniz Figueredo - Bebela

CANTIGAS DA BEIRA DO RIO - LÚCIO EMANUEL


CONVERSA COM O RIO


Velho Chico das águas barrentas,
Quem clareou suas águas?
Suas águas não eram claras assim,
Você era muito mais bonito
Com suas águas barrentas...


Você não é mais o mesmo,
Você mudou, Velho Chico,
Onde estão os seus vapores de lenha,
O Benjamim, o Venceslau, O Barão,
Onde estão os seus vapores, Velho Chico?
Aqueles vapores da companhia
Que navegavam de Juazeiro a Pirapora,
Onde estão aqueles vapores, Velho Chico?


Velho Chico, estou me lembrando agora
De Zezinho, ajudante de pedreiro,
Você se lembra de Zezinho, Velho Chico?


Zezinho era um retirante,
Ele ia embarcar no Barão
Com destino a Pirapora
Pra depois ir pra São Paulo,
Mas ele nunca embarcou
Sabe por que Velho Chico?
Porque foi assassinado
Na véspera da partida...


E todo mundo cantou:
O vapor tá apitando,
O Barão vai arribar,
Vamo s'imbora, Zezinho,
Parece que quer ficar...

LIVRO: Cantigas da Beira do Rio
Poeta: Lúcio Emanuel

sexta-feira, 25 de junho de 2010

SIANA BRANCA

Siana Branca era uma moça que morava às margens do Rio São Francisco. Era conhecida em Santa Maria da Vitória, Lapa, Correntina, Barra, e outras paragens às margens do Velho Chico.
Conhecida por sua beleza, alegria e jeito de viver.
Como todas as ribeirinhas daquelas placas ela tinha por motivo maior ir ao porto esperar as barcas, paquetes famosos e os bonitos vapores.
Mas a paixão era mesmo pelas barcas, e para esperar barqueiros e remeiros as moças enfeitavam suas belas cabeleiras com coroas de flores, de preferências rosas, rosas vermelhas e naturais.
Certo dia anunciaram que a famosas barca Serena iria chegar, e todas as moças começaram a preparar-se para a chegada, o grande encontro, festa de amores. Acontece que Siana Branca se distraiu e não teve tempo de encontrar rosas vermelhas para ornar seu belo rosto e exuberante cabeleira.
Saiu de casa direto para o porto, iria encontrar o seu remeiro, pois é necessário dizer que Siana Branca só amava remeiro, Nenhum homem por mais belo e rico que fosse não lhe despertava amores nem paixões. Ela só amava homens do rio, e do Rio São Francisco.
E, muito aflita começou a procurar rosas, rosas para o seu cabelo, e nada... Mas. eis que de repente ela viu uma menina com um lindo ramalhetes de rosas vermelhas e falou: - Menina me venda flores, essas rosas ai nas suas mãos.
- Não. Respondeu a menina. Vou levá-las para Nossa Senhora, lá na igreja.
- Não! Não vá, me venda... Disse Siana Branca.
- Não vendo. Mamãe mandou elas para Nossa Senhora. É uma promessa. Não vendo. Disse a menina seguindo o seu caminho.

Siana Branca seguiu a menina e viu quando ela depositou as flores no jarro Siana tirou as flores do jarro e enfeitou sua belíssima cabeleira. Naquele momento ouviu-se um grande grito e depois profundo silêncio.
A noite descia lentamente. Muita alegria no porto. Finalmente seis horas., e a Barca Serena apontava com alegria. Remeiros, donos da barca, uma festa" E um remeiro gritou: - Onde esta Siana? A bela Siana Branca? Onde está Siana? nada. Ninguém sabia, ninguém a encontrava. Vamos procurá-la. Falou alguém. E assim passaram a noite a procura da bela Siana Branca.
Madrugada, voltando para a embarcação uma tristeza invadia a pequena cidade.
Manhã cedinho, manhã luminosa, as beatas indo para a igreja e adentrando viram voar perto do altar uma crueira, porém bem diferente das outras. Ela tinha as asas brancas com pinta vermelhas.
- Que coisa estranha! Alguém falou.
E as beatas e rezadeiras ouviram uma voz: - Esta é Siana aqui é Siana Branca. ficou encantada. Roubou flores da Virgem Maria para adornar seus cabelos. As manchas vermelhas nas asas brancas são sumos das pétalas das rosas vermelhas que ela tirou do altar...
Siana Branca agora é uma crueira encantada. Não será mulher nunca mais... é uma ave triste.

LIVRO: Lendas e Mitos do Rio São Francisco
Maria Izabel Muniz Figueiredo - Bebela

terça-feira, 22 de junho de 2010

MUSEU REGIONAL DO SÃO FRANCISCO

A origem do futebol que percorreu as trilhas chinesas, gregas, italianas, inglesas, descansou sob os frondosos Juazeiro e cantou sua história ribeirinha para todo o vale, como pioneira das grandes jogadas desportista, vista pelo povo do Rio São Francisco, isto lá pelos idos desde 1915.
Nasce assim o futebol de Juazeiro, com a visualização da 1ª bola de couro oficial trazida do Rio de Janeiro por Adolfo Bonfim, funcionário dos Correios e telégrafos, sobrepondo-se às lendárias bolas de bexigas de boi, recobertas com folhas de mamonas e ou envoltas por fios de cordão de algodão.
Do alagadiço para o mundo, João Meirelles, Saul Rosa, Agostinho Muniz, Olegário Assis, Cecílio Matos, Edgar Santa Cruz, Adauto Morais, fundaram times, campos de pelotas, e impulsionaram o surgimento de um Estádio de Futebol.
O Esporte vestia uma personalidade maior e os horizontes começaram a se alargar preconizando que nessa terra, se praticaria o melhor Futebol desse Vale, fadado á grandes conquistas.
Com a legalização da Liga Despotiva Juazeirense, em 28 de março de 1923, ea participação dos primeiros times filiados: Veneza, Castro Alves, Juazeiro, Vitória, e Pirajá, foi fundada pela Família Evangelista e o Sr. Miguel Sirgueira uma sociedade para explorar o trufe ( corridas de cavalos) em parceria com o futebol.
No processo construtivo desse tempos, poderíamos citar nomes importantes na condução dos destino do nosso futebol, não só á frente da lida, como das agremiações que tem feito à alegria de todas as torcidas. Pelos clubes evidenciaríamos desde António Evangelista de Melo, Getulino Bispo do Nascimento e Petrônio Amorim, Nelson de Souza costa, Cel. Henrique José dos Santos, Aloísio Vianna e João Batista Mota, Aécio Barbosa, Vavá Melo, Valdemar Diamantino de Assis e outros valiosos colaboradores do Futebol da liga LDJ que somaram vitórias e mais vitórias, diante dos vários selecionados amadorista da região, ensejando belíssimas e coloridas tardes esportivas aos nosso torcedores.
São acontecimentos memoráveis e inesquecíveis:
  • 1970 - Festa de Inauguração dos refletores do Estádio Adauto Morais.
  • 1972 - Inauguração do gramado
O aparecimento do Piranga, do Ferroviário, do Botafogo de Ademir Matos, do Botafogo da PM, do time da navegação o fuísco, hoje o Carranca, o XV de Novembro, o Grêmio, Juventus, Independente, Comercial, Colonial, Barro Vermelho, Juazeiro, Veneza, Olaria, América, Juazeirense, Juazeiro Social Clube e de todos que jogavam e jogaram nesse solo barranqueiro, com certeza fazem parte da constelação desportista que ilumina esse vale de esperanças, emoções e paixão por essa história tão amorosa e verdadeira.

FONTE: Relatos de Herbet Mouse e Augusto Moraes
ORIGEM: Museu Regional do São Francisco

EXPOSIÇÃO MUSEU REGIONAL DO SÃO FRANCISCO - FUTEBOL

Réplica da 1ª bola usada nos campos de várzeas em Juazeiro da Bahia.

Luiz Pereira - O primeiro Juazeirense a jogar uma Copa do Mundo.

ADINHO - Grande Craque do futebol de Juazeiro.


ORIGEM: Museu Regional do São Francisco.

MUSEU REGIONAL DO SÃO FRANCISCO - EXPOSIÇÃO " O FUTEBOL E JUAZEIRO "

Paulo Santana e Caboquinho grandes jogadores e batalhadores do futebol de Juazeiro.

A diretora do Museu Regional do São Francisco com Caboquinho, Paulo Santana e ...

" O FUTEBOL E JUAZEIRO " MUSEU REGIONAL DO SÃO FRANCISCO

1972 - O Prefeito Américo Tanuri dando o ponta pé inicial na inauguração do gramado do Estádio Adauto Morais e os jogadores Garrinchinha e Ribinha.

OLARIA FUTEBOL CLUBE - 1972

O PRESIDENTE DA FIFA JOÃO HAVELANGE VISITA JUAZEIRO - 1972

ALOISIO VIANNA, O PREFEITO JOCA DE SOUZA OLIVEIRA, NELSON COSTA, LUIZINHO E HERBERT MOUZE.

O PREFEITO JORGE KHOURY HEDAY, NA LIGA DESPORTIVA JUAZEIRENSE ANUNCIADO O JOGO DO FLAMENGO EM JUAZEIRO - 1984

ORIGEM: MUSEU REGIONAL DO SÃO FRANCISCO

DEMOCRACIA NA ESCOLA

INTERVENÇÕES URBANAS - LÊDO IVO

Lêdo Ivo um artista contemporêneo da nossa cidade com vários trabalho em escultura está sempre presente na paisagem de Juazeiro. Agora com três trabalhos grandiosos, São Francisco de Assis, João Gilberto e a injustiça.





Lêdo Ivo levando arte ao povo.







segunda-feira, 21 de junho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

HISTÓRIA DA NOSSA HISTÓRIA - MENINO DE ENGENHO


José Lins do Rego ( 1901 - 1957 ), formado em Direito, passou a infância no engenho do avô, na Paraíba. É com a firmeza e a sensibilidade de quem viu e viveu a experiência que Rego transpõe para seus romances do chamado ciclo da cana-de acuçar a realidade da decadência dos senhores de engenho e de sua concepção feudal do mundo e do trabalho.
Rego queria escrever a sua autobiografia e a biobrafia de seu avô, patriarcal dono de engenho com quem morou na infância. A imaginação acabou vencendo, e nasceu o romance.
É marcante a carga afetiva do livro, bem como o vivo retrato dos tipos humanos e das relações sociais presentes em uma grande propriedade rural açucareira.
Interessante também é a representação do fenómeno do cangaçõ, uma das poucas saídas para a exploração coronelista, bem como o retrato de superstições e crendices tipícas das camadas populares do Nordeste.
ORIGEM: Guia do Livronauta - MEC

TERRITÓRIO - MENINO DE ENGENHO

O romance se passa na região limítrofe entre Pernambuco e Paraíba, no engenho de Santa Rosa, grande propriedade rural, durante o apogeu do clico da cana-de-acuçar.


Em sua fazenda, o coronel tem poder absoluto, decidindo o destino dos trabalhadores, escravos e agregados.

Como seu herdeiro, Carlos goza de uma liberdade excessiva, com direito a todas as regalias e nenhuma crítica.


É num contato direto com o bem e o mal e sem muitos parâmetros de certo e errado que Carlos cresce, observa e apreende o mundo.
FOTO: Imagens do ENGENHO CORREDOR, onde nasceu o escritor José Lins do Rego.
ORIGEM: Museu José Lins do Rego - Paraíba
TEXTO: GUIA DO LIVRONAUTA - MEC




segunda-feira, 14 de junho de 2010

AFETOS ROUBADOS NO TEMPO - VIGA GORDILHO

DIÁLOGO POSSÍVEIS
VIGA GORDILHO

A MOSTRA PROCESSUAL e itinerante Afetos roubados no tempo agrupa pequenos criados por 730 artista e artesãos de vários países do mundo, dispostos em 365 pares. Essas peças, denominadas objetos-afeto, ecoam a diversidade de materiais e a pluralidade de conceitos relacionados com cada lugar de origem do autor e sua interação com o universo que o rodeia e o reconhece como indivíduo.
Consequentemente, eles espelham a identidade de cada um dos autores.

O projeto foi criado em Fevereiro de 2005, durante minha estadia na Africa do Sul. Nessa oportunidade, realizamos oficinas com a artista e professoras da UNISA Célia de Villiers, quando foram construídos os primeiro objetos - afetos.
Quando retornei ao Brasil, as oficinas continuaram... Territórios centrais em Mato Grosso e Goiás foram buscado então, para propiciar o encontro com matrizes indígenas e a utilização de fibras naturais nos artefatos a serem criados.

Paralelamente a essas ações, apresentou-se o projeto ao colegiado da Pós Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e ele foi aprovado como atividade de pesquisa e extensão do Grupo Matéria, Conceito e Memória em Poéticas Visuais Contemporâneas, credenciado pelo CNPq. Assim, o projeto foi se multiplicando e recebendo, gradativamente, o apoio de outros artistas, os quais foram denominados de co-curadores. Contou-se, essencialmente. com a colaboração de artista Pernambucanos (UFPE). Assim, a proposta foi se formatando, com a aproximação de pares de objetos-afetos, observando-se, nessa junção, suas analogias ou seus antagonismo matérico-conceituais. Assim, cada obra foi encontrando seu par...
A primeira mostra foi inaugurada no Ateliê do pátio do Goethe Institut, em Salvador, em 18 de novembro de 2005. No período de 15 de março a 26 de abril 2006, o projeto foi exposto na Galeria Capibaribe da UFPE. De 07 a 30 de junho, a exposição foi montada no Museu Théo Brandão da UFAL, e em deszembro do mesmo ano, o projeto foi mostrado no espaço cultural Eugénie Villiem, da Faculdade Santa Marcelina em São Paulo. Este ano, por ter sido contemplado pela Caixa Cultural de Salvador, ele retorna á Bahia, disposto em doze totens, distribuídos a partir de conceito equivalentes aos meses do ano.
Em 2008, o projeto seguirá para a UPV, Valencia (Eapanha), posteriormente para UNISA, Pretória (Africa do Sul), e, paulatinamente, todos os integrantes do projeto estarão recebendo a identificação e a imagem do seu par, para que possam conhecer a identidade do outro que o altera (alteridade).
Dessa maneira, o projeto irá propiciar o encontro dos artista, através da aproximação e do diálogo entre suas obras, possibilitando uma troca de "afetos" que transcende espaços e tempos...

MESA REDONDA - SEMANA UNIVERSITÁRIA DE ARTES - UNIVASF

ESPAÇO MULTIEVENTOS - UNIVASF
A 1ª Semana Universitária de Artes teve como objetivo de discutir o saber e o fazer artístico no Vale do São Francisco na perpectivas de potencializar o talento, a qualificação da produção cultural regional e a integração da comunidade universitária com a população.


MESA REDONDA:
Desafios da pesquisa em Artes.
Profª Dr. Maria Virginia Gordilho Martins (UFBA)
Viga Gordilho, Profª. Dra. do Departamento 1, Hiatória da Arte e Pintura do Programa de Pós-Graduação em Arte visuais - PPGAV, Escola de Belas Artes - EBA da Universidade Federal da Bahia - UFBA, da qual atualmente é coodenadora. Em suas investigações atuais, trabalha sobre reflexão prático-teórico, no campo da percepção de matrizes culturais africano-indígenas brasileiras. Integra e lidera o grupo de pesquisa " Matéria, Conceito e Mémoria em Poéticas Visuais Contenporaneas", certificado pelo CNPq.





VIGA GORDILHO - PROFESSORA DA UFBA E ARTISTA VISUAL

Como você vê a questão das identidades culturais, da valorização da diversidade, no contexto atual?

Eu sempre digo aos meus alunos que para se tornar universal, você tem que ser, antes de tudo, regional. Acho que um povo não pode falar de "antena parabólica" se não conhece suas próprias raízes. Acredito muito em uma cultura de origem. Quando você conhece sua cidade, tem sua noção de cidadania, de pátria, de etnia, você trabalha com uma diversidade muito mais ampla. O Brasil é um país plural, temos influência de muitas nações distintas. Acredito que essa discussão seja de uma importância enorme, por que é a cara do Brasil essa diversidade cultural, mas respeitando cada origem, cada cidade, cada etnia local.



Nós tivemos no Brasil, graças a Deus, a Semana de Arte de 22, com Oswald de Andrade, Monteiro Lobato, Anita Mafalti, Djanira, esse povo todo que balançou a cultura brasileira. Ou seja, começaram a fazer um trabalho de raiz. Eu sou seguidora disso, com muito orgulho. Quando você vai para o exterior e entra numa galeria contemporânea, parece que as obras são todas iguais. Ao meu ver a arte contemporânea, não importa que linguagem, você tem que olhar e saber de onde veio, embora tenha uma leitura universal. É difícil criar essa dualidade, mas tem que existir, senão fica igual a shopping center. Eu penso que tudo o que você faz como cultura, o fato de você existir, tem que carregar consigo a sua regionalidade
Que artistas você considera mais representativos da nossa cultura?
Eu entrei na Escola de Belas Artes na época de Juarez Paraíso, acompanhei a vida dele como artista, como professor e como diretor. Considero ele um artista perfeito, trabalha com qualquer técnica. Cito Juarez como mestre, como ser humano, admiro muito a obra dele. A de Sante Scaldaferri também, falando da geração anos 50. Da minha geração, acho que Maria Adair é uma artista pioneira, foi colega, amiga, companheira de universidade, trabalhamos juntas desde o Marista, lá se vão 30 anos desde que a gente começou a ensinar Educação Artística nas escolas. Dessa geração nova, eu gosto muito da obra de Bel Borba. Não só da obra em si, gosto dele como artista, pela sua ligação com a cidade, pela sua inquietude. O artista tem que ser inquieto, tem que estar o tempo todo "quebrando paredes", inquieto com sua vida, com sua cidade, com seu planeta. Adoro a obra de Regina da Silveira, me acho muito parecida com ela, no sentido de ser uma educadora e ser uma artista, nunca ter deixado uma coisa de lado. Gosto muito de um baiano, Mestre Didi, o trabalho dele é incrível, muito enraizado, forte, contemporâneo... Ele cria totens, completamente afro, inclusive é negro, sacerdote, ligado ao candomblé, não se pode nem tirar fotografias dele. É um exemplo de conservar a raiz e manter uma linguagem universal. Como a Regina da Silveira, que trabalha com sombras projetadas, você se vê como sombra e como luz, um trabalho muito atual, muito bonito. A nível de mundo, Louise Bourgeois, uma francesa que hoje mora em Nova Iorque. Deixei de citar uma artista que saiu da Bahia: Ana Mariane. É arquiteta, mora em São Paulo, fotógrafa, trabalhou com casas regionais, fachadas, tem livro publicado, um trabalho lindo, que também fala de raiz e tem essa noção de mundo diversificado. Tenho duas grandes paixões na vida, uma é Picasso - eu era adolescente quando ele morreu, fiquei até de luto - que foi um grande marco na arte mundial, fez de tudo, abriu fronteiras para todos nós; e Kandinsky, ele e Klee eram artistas e educadores, gosto muito da obra deles, especialmente a atuação na Bauhaus.

Que pensadores têm esses aspectos mais presentes em suas obras?
Eu tenho uma paixão por Monteiro Lobato, foi um marco muito forte na literatura. Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Martins Gonçalves - a Escola de Teatro deu um salto de qualidade. Outro dia estava lendo a dissertação de mestrado da Professora de dança Jussara Martins, ela fez uma tese sobre Edgard Santos, fiquei apaixonada pela vida dele, pela obra dele. Nós temos baianos muito bons, pessoas que abriram caminhos. A nível nacional, eu gosto muito da Fyga Ostrower, ela tem uma obra fantástica na arte e na educação. Fiquei encantada com a obra de Regina Machado, é uma historiadora que trabalha com resgate de contos infantis, anda pelo Brasil inteiro buscando canções, contos, narrando em escolas públicas, para tirar um pouco a criança do computador e fazer conhecer sua origem. Ana Mae Barbosa, acho uma guerreira, no campo da arte-educação. Milton Santos, estou sempre lendo suas publicações, uma pessoa fantástica. A nível mundial, gosto muito da obra de Merlau-Ponty, um trabalho que eu sigo na minha linha de criação. Li muito Platão no doutorado, fiquei apaixonada pelo alicerce que ele criou na Filosofia. Estou lendo Bachelard, A Poética do Espaço, A Psicanálise do Fogo, As Águas e os Sonhos, e vejo como ele é atual, fala de questionamentos que nós estamos vivenciando. Eu penso que arte, filosofia, tudo que mexe com cultura, não tem idade, é eterno. Estou ouvindo uma monja da virada do milênio passado que foi uma grande revolucionária, Hildegarde Von Bingen, foi poetisa, musicóloga, brigou com os homens, foi a primeira mulher a cantar em igreja, a gente tem é que aplaudir.








Quanto à educação, como você avalia o papel do ensino na formação da nossa identidade cultural?


Penso que o educador tem que olhar o homem de uma maneira muito inteira. Quando comecei a dar aulas, eu estudava muito a vida de Siro Arobindo, um educador indiano. Ele dizia que o homem é um complexo entre físico, mental, vital, psíquico e espiritual; que o homem tem que pensar nesses cinco aspectos, trabalhar todos os potenciais, para ser feliz como unidade. Eu não acredito em mudanças radicais, acredito em mudanças inteiras. Se você olha um ser em desenvolvimento e está preocupado que ele se exercite fisicamente, trabalhe sua mente, seja um ser espiritualizado, trabalhe na energia dele, no espiritual e no psíquico, ele vai se tornar um ser feliz. Então esses aspectos têm que ser considerados na educação em geral. Penso que o papel da educação é despertar no jovem o seu potencial, tentar abrir caminhos para que ele encontre a porta certa. A profissão que ele abrace, que ele tente ser inteiro naquilo. Eu me considero uma professora em extinção, por que trabalho por amor. Aluno meu nunca me viu reclamar de dinheiro, eu corro atrás, vendo quadro, escrevo texto, me viro. Acho que o artista tem que estar ligado social e politicamente, não existe arte para embelezar casa. Arte é para falar de mudança, de transformação, deixar você diferente depois de ver uma obra. Assim como a educação, ela tem que ter uma ação transformadora. Foi isso que eu tentei fazer em sala de aula todo o tempo: deixar meus alunos inquietos





Fale um pouco mais sobre a sua arte, como é esse processo de criação?

Cada momento que eu mostro meu trabalho é uma surpresa, por que eu não sou a mesma, eu já mudei. Tecnicamente, eu pesquiso pigmentos, terras, fibras, corantes, desse material eu faço a tinta e o tear. Trabalho com minhas raízes, literalmente. O nome da minha tese é Cantos, Contos e Contas. Então eu trabalho com cantos, pequenos lugarezinhos que vou encontrando pelo mundo, a canção que vem desses lugares; trabalho com contos, coisas que me contam, histórias de vida, crio contos também; e trabalho com contas, miçangas, ligadas aos nossos orixás, que vieram da África, têm toda uma história. Quando eu comecei a trabalhar em São Paulo, ficava observando a cidade. Se eu olho um prédio todo apagado, sei que ele está de janelinhas fechadas, mas eu, como artista, posso acender a janela que eu quiser. O meu trabalho atual tem pequenas janelas de metal que você pode abrir e penetrar no desconhecido. Eu trabalho com o meu dia, com as minhas necessidades de ser humano, cidadã brasileira, soteropolitana, branca, professora... por que arte e vida são inseparáveis. Quando fui expor meu trabalho ano passado, eu queria uma senzala que encontrei em São Paulo, só que as paredes estavam todas cobertas de cimento. Pedi autorização do museu, chamei operários, trabalhei um ano, todo final de semana, e escavei as paredes. Quando eu vim para a Bahia, fiz uma instalação com o que eu tirei das paredes, um monte de entulho coberto de rosas brancas, para purificar. Eu tinha acabado de perder duas amigas, uma é Maristela, aquela jornalista que foi assassinada. Isso me incomodava muito, eu tinha que fazer algo. Então quando montei essa exposição aqui, pedi a Ana Paula Bouzas que fizesse uma performance. Queria que ela falasse da vida e da violência que a mulher sofre nas grandes cidades. Usei muitos cubos brancos, como se fossem cidades fechadas. Ana Paula fez uma performance no cubo, simbolizando essa fragilidade de todos nós, do ser humano que está vivo e vai ao encontro da morte, então ela se despe de tudo, se entrega como num sonho. Como se ela se libertasse da dor e pudesse, enfim, descansar. O artista tem que falar disso, tem que fazer com que as pessoas que visitam um museu chorem, sintam, saiam de lá falando, saiam diferentes, para que elas possam fazer algo também. É essa a ação transformadora da arte em que eu acredito.

Viga desenvolve sua tese de doutorado no Espaço de Arte (Vitória) - tel. 337 4603.

ORIGEM: Entrevista site SPPC Cultural

sábado, 12 de junho de 2010

O AMOR - DIA DOS NAMORADOS

QUANDO O AMOR ACONTECE

AOS APAIXONADOS

DIA DOS NAMORADOS

POSSE DOS DIRETORES - AUDITÓRIO DA CÂMARA MUNICIAL DE JUAZEIRO

O Prefeito Issac Carvalho, o Secretário de Educação de Juazeiro Plínio Amorim, o Presidente da Câmara de Vereadores de Juazeiro, o Deputado Pedro Alcântara e sua Esposa a Vice - Prefeita Maria Gorete e as Novas Diretoras e Vices das Escolas Municipais de Juazeiro.
"Todos os regimes - desde os mais mecânicos e menos humanos dependem da educação. Mas a democracia depende de se fazer do filho do homem - graças ao seu incomparável poder de aprendizagem - não um bicho ensinado, mas um homem. Assim, embora todos os regimes dependem da educação, a democracia depende da mais difícil das educações e da maior quantidade de educação. Há educação e educação. Há educação que é treino, que é domestificação. E há educação que é a formação do homem livre e sadio. Há educação para alguns, há educação para muitos e há educação para todos.


A democracia é o regime da mais difícil das educações, a educação pelo qual o homem, todos os homem e todas as mulheres aprendem a ser livres, bons e capazes . Nesse regime, pois, a educação, faz-se o processo mesmo de sua relização. Nascemos desiguais e nascemos ignorantes. isto é, escravos.


A educação faz-nos livres pelo conhecimento e pelo saber e iguais capacidade de desenvolver ao máximo os nossos poderes inatos. A justiça social, por excelência, da democracia consiste nessa conquista da igualdade de oportunidades pela educação. Democracia é, literalmente educação. "



ORIGEM: Autonomia para a Educação - Anísio Teixeira.







quarta-feira, 9 de junho de 2010

INTERVENÇÕES URBANA

STREET ART

Arte Urbana ou street art - é a expressão que refere-se a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público, distinguindo-se da manifestações de caráter institucional ou empresarial, bem como do mero vandalismo.
As princípio, um movimento underground, a street art foi gradativamente se constituindo como forma do fazer artístico, abrangendo várias modalidades de grafismos - algumas vezes muito ricos em detalhes, que vão do Graffiti ao Estêncil, passando por stickers, cartazes lambe-lambe (também chamados poster-bombs), intervenções, instalações, flash mob, entre outras.
São formas de pessas sozinhas, expressarem os seus sentimentos atraves de desenhos.
A expressão Arte Urbana surge inicialmente associada aos pré-urbanistas culturalistas como John Ruskin ou William Morris e posteriormente ao urbanismo culturalista de Camillo Sitte e Ebenezer Howard (designação "culturalista" tem o cunho de Françoise Choay).
O termo era usado (em sentido lato) para identificar o "refinamento" de determinados traços executados pelos urbanistas ao "desenharem" a cidade.
Da necessidade de flexibilidade no desenhar da cidade surgiu a figura dos planos­­ de gestão. Este facto fez cair em desuso o termo Arte Urbana, ficando a relação entre Arte e cidade confinada durante anos à expressão Arte Pública.
Dada a dificuldade de enquadramento das inscrições murais feitas à revelia das autoridades e proprietários no conceito de arte pública, assiste-se a um ressurgimento da designação de "Arte Urbana" que passou a incluir todo o tipo de expressões criativas no espaço colectivo.
Esta designação adquiriu assim um novo significado e pretende identificar a Arte que se faz no contexto Urbano à margem das instituições públicas.
ORIGEM; Wikipédia

ARTE URBANA

ANAMORFOSE - JULIEN BEEVER


Julian Beever é um artista inglês de Chalk art (Arte com giz) que cria desenho tridimensionais utilizando giz como material.
É um trabalho que se utiliza da técnica de projeção conhecida como anamorfose.
Ele trabalha para várias empresas como freelancer, criando murais em campanhas promocionais. Frequentemente é chamado de Pavement Picasso.
Os desenhos são minuciosamente projetados, milimetricamente executados. Pura matemática. Em média, o artista leva cerca de três dias para completar uma obra.Já visitou vários países, tais como: Reino Unido, Bélgica, França, Países Baixos, Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, Estaados Unidos, Austrália, Brasil e Portugal.
ORIGEM: Wikipédia

ARTE DE RUA - JULIEN BEEVER











ARTE URBANA

terça-feira, 8 de junho de 2010

POSSE DOS DIRETORES - ESCOLA PÚBLICA


A justiça social, por excelência, da democracia consiste nessa conquista da iguadade de oportunidades pela educação. Democracia é, literalmente, educação. Há entre os dois termos, uma relação de causa e efeito.

Numa democracia, pois, nenhuma obra supera a de educação. Haverá, talvez outras aparentemente mais urgentes ou imediatas, mas estas mesma pressupõeam, se estivermos. numa democracia, a educação. Com efeito todas as demais funções do estado democráticos pressupõem a educação. Somente esta não é a consequencia da democracia, mas a sua base, o seu fundamento, a condição mesma para a sua existência.


A democracia e, assim, o regime em que a educação é o supremo dever, a suprema função do Estado. Seria vão querermos é equipará-la às funções de polícia ou de viação ou mesmo de justiça,






Porque a educação a única justiça que me parece suficientemente ampla e profunda para apaziguar a sede de justiça social dos homens."

ORIGEM: Autonomia para educação - Anísio Teixeira

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