
sábado, 31 de outubro de 2009
" O POUCO COM DEUS É MUITO / O MUITO SEM DEUS É POUCO "
A lembrança de Maria Franca Pires é um sentimento necessário a Juazeiro. Um certo sentido de retornar à vida as reminiscências de uma cidade que se confortava nas preces das festas religiosas - " O pouco com Deus é muito / O muito sem Deus é pouco " - na fantástica imaginação de criar casos de bondade e maldade, na labuta menos incertas...
Maria foi professora. Também uma espécie de historiadora movida a paixão. Por ela, Juazeiro guardou história e mais estória. Nem tanto nos sóbrios registros factuais dos documentos. Mas, fundamental, na vivacidade do que vai " na cabeça... que não foi registrada em livro nenhum mas aconteceu ", como disse a O BERRO D'ÁGUA.

Agora, novamente pelas mãos de PARLIM, mais um trabalho de Maria transformou-se em livro, este " Você acredita em assombração ? ", ante a profusão com que apareciam nos diversos pontos da cidade, segundo a professora em entrevista a O BERRO D'ÁGUA. (nº9).
Nos seus arquivos ainda há muita a contar da cidade.
TEXTO: O Berro d'Água Editora
" PEDAÇOS DE UMA JUAZEIRO TRANQUILA "

Há em cada capítulo pedaços de uma Juazeiro tranquila, onde ainda aparecem visagens, retratos ingênuos de personagens misteriosas cruzando ruas desertas, apavorando os medrosos e até mesmo pagando promessas a Nossa Senhora das Grotas.
Sua leitura é interessante e oferece motivo de estudo para nossa cultura popular. Traz para o presente reminiscências do passado carregadas de surpresas - Vapor Fantasma, Mulher de Sete Metros, Guarda Fantasma, Procissão e Defuntos e tantas outras...
Maria Pires, seu desejo se realizou. A assombração tormou-se realidade. O livro está impresso e é por certo, homenagem póstuma prestada a você, que sempre procurou manter viva a memória desta terra querida por muitos, preservada e divulgada por poucos. Seu trabalho de pesquisa cuidadosa é sem dúvida um documentário valioso para quantos queiram conhecer melhor esta terra. Os três livros já publicados são uma pequena amostra do tesouro que você colecionou e que se encontra guardado nos apontamentos, entrevistas, recortes de jornais, revistas, fotografias, objetos, almanaques, fitas gravadas.
Por tudo isto, Maria, você não é lenda nem assombração, mas é "lembrança infinita de alguém que partiu mas que ficou " para sempre em juazeiro.
TEXTO: Profª Maria Lurdes Duarte
VOCÊ TEM MEDO DE ASSOMBRAÇÃO ?

Intriga-me o tema de tão preciosa produção. E a psicanalista, traindo o propósito do poeta, pensou - Existe maior assombração do que a morte ?
Maria, Maria
Quantas Marias comportas ?
Atrelada estava
A tua carruagem
À estrela longíngua
E derradeira
Cuja carreira
Ninguém podia deter !
Mas tinhas ganas de vida,
Tripudiando sobre ela
Inscreveste Juazeiro
No coração de cada amigo teu
Com teu amor ditavas
Em reverberações do teu apaixonado
Amor pela terra.
Treinaste falar de vida
Até o minuto final !
As vitórias de assombração
Vida e tempo de um povo,
Os medos de todos nós,
Agora livro concretando.
- Lembrança infinita
De alguém que partiu
Mas que ficou !
TEXTO: Gildete Lino de Carvalho
VOCÊ TEM MEDO DE ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Pires não teve. Pesquisadora nata foi atrás de quem contava casos e se deparou com as assombrações que arrepiar os juazeirense em sua meninice e juventude.
Corajosamente juntou todas elas no livro, "Você tem medo de assombração ?".
Por que assombração ?
Porque o tempo ao longo dos sessenta e cinco vividos por Maria Pires em Juazeiro mudou e ela, percebendo as mudanças ao seu redor, atenta às perdas culturais decorrentes do processo histórico que legitimamente testemunhava, compreendeu a importância de resgatar o passado de sua gente para, mediante a divulgação dele, obtermos a consciência crítica do momento presente.
Era, pois, educacional a preocupação da professora Maria Pires com a assombração e tantos outros objetos de seu incansável trabalho de coleta de informações, preocupação visível na disposição incomparável para difundir seu conhecimento nas escolas, entre professores, alunos, curiosos, pesquisadores e repórteres da cultura ribeirinha do S. Francisco, de Juazeiro da sua paixão.
Maria Franca Pires não teve tempo para receber nossa resposta.
Ela não está mais aqui para ver a cara da gente, perante seu livro, já que faleceu em Agosto de 1988.
Entretanto, se os casos narrados neste livro já não assombram mais os adultos, - o tempo agora é outro, nosso medo vem de outras histórias, para as crianças não é a mesma coisa: além delas acrescerem o repertório de estórias para seus ouvidos e fantasias, estas "assombrosas" trazem em suas nuances a perspectiva histórica da gente do Juazeiro que Maria Pires ajudou a construir, fazendo o conceito que dela temos e adquirindo de nós o respeito merecido como figura de peso na cultura juazeirense e regional.
Maria nasceu em Remanso -Ba, na Fazenda Salinas e veio para Juazeiro com 2 anos de idade, onde cresceu. Suas raízes estão aqui tão bem plantadas, que estão brotando.
Quer ver ? Leia ? " Você Acredita em Assombração ? "
TEXTO: PROFª ODOMARIA BANDEIRA
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
SEXTA FEIRA É DIA DE VIRAR BICHO
Em um dos distritos do município de Juazeiro da Bahia, morava um senhor muito dedicado ao trabalho, mas que não conseguia melhorar de vida. Este fato incomodava as pessoas.
Finalmente descobriram que o "Cara" não era tão bom como se pensava; tinha por hábito bater no pai e na mãe.

Tudo só deixava de acontecer quando os galos começavam a cantar, anunciando um novo dia.
As pessoas que, à distância, viam essa assombração, rezavam o credo e pediam que ela desaparecesse.
No centro da cidade, costumava, também, nas noites de sexta-feira, aparecer no quintal uma assombração que vinha estrangulando os nervos dos adultos e das pobres e inocentes crianças.

Era um jovem que se transformava em monstro. Mas, isto acontecia debaixo de muito ruído, muita irradiação de pavor. Tão grande que até os animais domésticos da vizinhança demonstravam estar apavorados.
Um dia, porém o vizinho mais próximo resolveu desencantar o bicho, dar fim à assombração. Com um facão muito bem amolado saltou o muro e deu um profundo corte na perna do jovem, que perdeu o encontro na hora.
Como sempre aconteceu, houve mais decepção do que vitória. Primeiro pelo reconhecimento da pessoa que estava assombrando, sem querer, seus vizinhos. Segundo, porque o corte da perna demorou muito tempo para curar. O importante mesmo foi a volta da paz nas noites de sexta-feira.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires
ASSOMBRAÇÃO VIVA


Com muita tranquilidade, ela chamava o nome de algum morador da casa, a pessoa vendo aquela figura horripilante, ficava apavorada e trancava a porta. Isto facilitava a aventura da senhora, porque rua e casas viviam mais no escuro.
Com muita tranquilidade, ela chamava o nome de algum morador da casa, a pessoa vendo aquela figura horripilante, ficava apavorada e trancava a porta. Isto fazia a Mulher-Fantasma vitoriosa na sua ideia.

O senhor, sua esposa e o menino estavam no quintal e quando chegaram à sala, depararam-se com a horrenda marmota no sofá.

O senhor ficou revoltadíssimo por não ter tido a mínima condição de proteger seu amiguinho, que fez o maior escândalo de medo que uma criança tem o direito de fazer.
No dia seguinte a vizinha-Fantasma, com a maior "Cara de Pau", visitou todas as casas por onde tinha passado na noite anterior e, entre gargalhadas, comentava o medo que provocou nos seus vizinhos.
Assim era a vida de antigamente, paz e pureza na alma das pessoas.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires
CANDOMBLÉ NA BATATEIRA
Na década de 40, os homens gostava de andar a pé até altas horas da noite, pelas ruas desertas... Numa dessas noites, um jovem voltava para casa e, de repente, surgiu à sua frente uma mulher- motivo para grande alegria. Ela o convidou para assistir a uma sessão de candomblé na Batateira. O jovem aceitou muito empolgado o convite.
Chegando ao pontilhão "2 Irmãos", para sua supresa, a senhora diz a ele que não queria mais assistir ao candomblé, desistira da ideia, estava cansada, preferindo ir para casa; por coincidência, deu-lhe o endereço: rua da Capelinha de Santo Antonio, onde o "Cara" também, morava.
Naquela caminhada, o pobre jovem descobria, a cada minuto, coisa muito estranha na sua companheira, que deveria estar sendo uma grande aventura. Finalmente chegaram à rua da Capelinha e, de súbito, a mulher desapareceu diante de seus olhos. O pobre rapaz quase enloqueceu diante da constatação de ter andado tanto tempo ao lado de um defunto; e ao chegar à casa, com tanto pavor n'alma, transformou o resto da madrugada do seus familiares em verdadeiro pânico...
Passear com defunto deve, realmente, ser uma coisa desagradável.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires

Naquela caminhada, o pobre jovem descobria, a cada minuto, coisa muito estranha na sua companheira, que deveria estar sendo uma grande aventura. Finalmente chegaram à rua da Capelinha e, de súbito, a mulher desapareceu diante de seus olhos. O pobre rapaz quase enloqueceu diante da constatação de ter andado tanto tempo ao lado de um defunto; e ao chegar à casa, com tanto pavor n'alma, transformou o resto da madrugada do seus familiares em verdadeiro pânico...
Passear com defunto deve, realmente, ser uma coisa desagradável.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
VAPOR FANTASMA

Entre as muitas coisas vista no rio, o Vapor Fantasma tem um destaque muito especial, pois ele apresentava-se com uma iluminação tão bonita, que dava a impressão de um imenso brilhante boiando sobre as águas barrentas do rio.
A história acontece de maneira bastante simples: às vezes, durante a noite, as pessoas, olhando para alguma parte do rio, avistam um vapor iluminado e a expectativa do seu apito e da chegada vai crescendo dentro de cada um, mas, de repente, a assombração desaparece e até hoje ninguém, encontrou explicação para o fato...
Sou uma pessoa privilegiada, porque vi o Vapor Fantasma no porto Bom Jesus da Lapa. Nunca tenha vergonha de dizer que viu e acredita em coisas como esta...
Elas são nossas, são nossa cultura.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO^?
Maria Franca Pires
BICHO DE CHOCALHO
A assombração não tinha lugar determinado para aparecer.
O "Bicho do Chocalho", aparecia na rua Barão de Cotegipe. Dizem que ele tinha muito charme, era bem alto, usava calça e camisa de estoupa, cobria a cabeça com um chapéu de abas bem grandes, que era coberto com um pano branco. Aí ficavam presos os chocalhos.
No silêncio da noite e, naquela época, as noites eram silenciosa, ele ficava pra lá e pra cá na rua, assombrando com a zoada dos chocalhos e suas pisadas fortes os que dentro de suas casas tentavam dormir.
Um dos moradores da rua achou que devia deslindar a história dessa assombração.

No dia seguinte, escondeu-se em um terreno baldio que existia na rua, mas não conseguiu pegar o "Bicho Chocalho". Não desistiu do seu objetivo. No outro dia voltou ao mesmo esconderijo. Ao ouvir o som dos chocalho, encheu-se de coragem e seguiu em sua direção e aconteceu o inesperado para o bicho: foi-lhe impossível escapar da armadilha.
O vizinho, com raiva, arrancou-lhe o chapéu e estava a identificação. O "Bicho de Chocalho" implorou que ele nunca revelasse aquele segredo a ninguém. Foi feita e comprida a promessa segundo um sobrinho do desvendador do mistério que contou a história.
Os dois morreram deixando uma grande curiosidade em torno da aventura do "Fantasma".
As assombrações tinham sempre os mesmo motivos.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires
CAVALO MAL ASSOMBRADO
A rua Cons. Luis Vianna em Juazeiro da Bahia, antiga rua da Usina, apresentava, na parte da tarde, antes da invenção do ferro elétrico, um visual muito bonito: em quase todas as portas, as pessoas colocavam ferro de engomar roupa, as pessoas colocavam ferro de engomar roupa com o fundo dele virado contra a direção do vento. Em certa época do ano, vento soprava pouco e as mulheres procuravam comovê-lo dizendo em voz alta:
- Chega vento, sua mãe está morrendo em água quente.
Acreditava-se que o vento aparecia e os ferros esquentavam.

Em algumas noites, este visual tão bonito de minha rua, era substituído pela presença indesejável de um fantasma que fez muita criança molhar o colchão, adulto tremerem da cabeça aos pés. Era o " Cavalo Mal Assombrado", que se apoderava da rua.
Ele passava arrastando uma grossa corrente de ferro, resfolegando com tanta força, às portas das casas, que os moradores tinham a impressão, de que o animal estava dentro de casa.
Nunca ninguém conseguiu descobrir sua identidade. Tempos depois, o "fantasma" desapareceu e a rua voltou a ter noites sossegadas e tranquilas.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO ?
Maria Franca Pires
VICIADA EM JOGO DE BICHO
Às vezes as pessoas deixam-se dominar por certos vícios, que só trazem prejuízos.
Uma respeitável senhora aqui, em Juazeiro-Ba, era viciadíssima no jogo de bicho. O vício dominou-a de uma jeito, que a coitada deixava de comprar as coisa de necessidade para casa, a fim de satisfazer seu vicio, fazendo uma "fezinha".
Um dia pediu a Nossa Senhora um palpite certo para ganhar no jogo. Pediu com muita fé. À meia noite, percebeu uma grande correria na rua.
Ficou sobressaltada. A coisa era muito estranha e, de repente, na porta da casa que dava para o quintal, uma voz forte que lhe avisava: "Jogue no cachorro" na roleta de ... no mesmo momento outra voz diferente afirmava o mesmo palpite, na porta da rua.

Em seguida toda a casa foi invadida por uma forte cheiro de enxofre, que, de tão forte, as pessoas abandonaram o local.
A partir daquele dia, a viciada no jogo do bicho nunca mais jogou, pois conscientizou-se de que o diabo vivia metido no controle do jogo de bicho.
LIVRO VOCÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO
Maria Franca Pires
PORCO - FANTASMA
Os animais irracionais também fizeram assombração dentro de sua inconsciência. Existiram um senhor muito responsável, que gostava de aventuras bem misteriosas e difíceis. Apaixonou-se por uma "dona". Uma noite, a paixão, o desejo de vê-la foi tão forte que, enfrentando todos os perigos, colocou-se embaixo de um tamarindeiro, que ficava em frente à casa de sua amada. Sem mais, nem menos, ouviu um chiado em suas costa.
Os cabelos começaram a arrepiar-se. Olhou e não viu nada: minutos depois, ouviu um som semelhantes a um psiu: O medo aumentou. Olhou e não viu nada. O pior é que a mulher amada não aparecia, estava faltando ao compromisso.

Os cabelos começaram a arrepiar-se. Olhou e não viu nada: minutos depois, ouviu um som semelhantes a um psiu: O medo aumentou. Olhou e não viu nada. O pior é que a mulher amada não aparecia, estava faltando ao compromisso.
De tanto esperar e ter medo, resolveu andar um pouco. O amigo deu-lhe grande incentivo e convidou-o para juntos verem o que estava acontecendo nas imediações do tamarindeiro. Ao se aproximarem, viram um volume que se mexia um volume que se mexia de surpresa dos amigos, um enorme porco saiu feito um louco correndo para cima deles, que até hoje correm sem destino com medo de um inocente porco.
LIVRO VOÊ ACREDITA EM ASSOMBRAÇÃO
Maria Franca Pires
domingo, 25 de outubro de 2009
CONGADA - RUGENDAS
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