sábado, 4 de dezembro de 2010

APOSENTADORIA PRECOCE

Lançamento sábado, dia 18/12/10
Francisco Batista
Numa pequena cidade do norte baiano, reinava com desenvoltura e a bel prazer o Coronel Epaminondas, o homem forte do lugar, cansado de tanto exercer o cargo de prefeito por vários mandatos, pois o voto naquele tempo era a bico de pena e não perdia uma eleição. Todavia aproxima-se o dia do registro dos candidatos a prefeito do município; o velho Epaminondas indica um apadrinhado para concorrer às eleições: o jovem recém-formado Ezequiel Neto.
Logo após o pleito eleitoral, o juiz da comarca autoriza a contagem dos votos. Posteriormente divulga o resultado oficial das eleições e proclama o candidato eleito Dr. Ezequiel Neto, por maioria absoluta dos votos.
Naquela cidadezinha interiorana perdida no mapa do sertão da Bahia, notadamente a maior fazenda e a melhor casa pertencia ao Coronel Epaminondas.
A economia e o desenvolvimento do município estavam ancorado na agricultura, criatório de caprino, suíno, aves reprodutivas, entre outros animais.
Comércio quase não existia, indústria nem se falava, e havia poucos prédios escolares da rede municipal de ensino.
O Coronel Epaminondas rabisca num pedaço de papel com a letra miúda, um bilhete destinado ao prefeito Ezequiel Neto, reivindicando emprego para a professora Rosinha, sua afilhada de batismo. Na verdade quase todos os jovens eram afilhados do mandachuva da terra.
O prefeito Ezequiel Neto recebe Rosinha no gabinete do paço municipal, lê o bilhete e coça desesperadamente a cabeça. Não obstante manda pela moça outro bilhete para o coronel Epaminondas. Explica a impossibilidade de atender sua justa pretensão. A folha de pagamento da Prefeitura inchou, por causa dos incontáveis pedidos de emprego do seu padrinho político.
Tampouco havia vagas na administração municipal, para colocação contratual pretendida com ansiedade pela jovem Rosinha. Naturalmente seria seu primeiro emprego.
Epaminondas, o dono da cidade, ao tomar conhecimento da posição do seu afilhado através do bilhete, não se fez de rogado do seu afilhado através do bilhete, não se fez de rogado e, com vozeirão, trovejou: minha filha se  há vaga na municipalidade, retorne lá e diga para Ezequiel que lhe aposente ainda hoje, intimou.
FONTE: Livro de crônicas " Um Passeio pelo Riso"
AUTOR: Francisco Batista dos Santos
EDITORA: Clube de Autores

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