Dr. Adolfo Vianna
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Ligeiros Traços biográficos, por Walter Dourado
A 1º de Maio de 1876 nascia em Juazeiro um dos filhos do casal Dr. Adolfo José Viana e D. Marcolina Viana, que tomou o nome de Adolfo. Dotado de invulgar inteligência, estudou primeiro letras aqui na cidade, concluindo com relativa facilidade os cursos primários e secundários, por meio de preparatório do ginásio. Feito o exame vestibular, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, Estávamos no ano 1892. Em 1898, após realizar brilhante curso, adquiriu a láurea de Doutor em Medicina e Farmacêutico Químico, pois já era também, dentista. Defendeu tese perante examinadores da referida Faculdade, obtendo aprovação distinta. Dissertou sobre Higiene dos Hospitais e apresentou proposições sobre cada uma das cadeiras do curso.
A luta desencadeada no Sertão de Canudos obriga o governo a construir sem demora a Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco. Em 1895 os trilhos achavam-se em Carnaíba. Em 1896 chegava à nossa cidade. Governava o Estado o conselheiro Luiz Viana, tio do DR. Adolfo. Alguém apresentou à Assembleia Legislativa uma lei que mandava alterar o traçado da ferrovia, desviando o percurso na parte final, para Bebedouro, em Sento Sé, alegando-se evitar que o tráfego de vapores se fizesse pela cachoeira do Sobradinho.
Tomando conhecimento deste dispositivo o Dr. Adolfo encabeçou um movimento de protesto com assinaturas de muitas pessoas residentes em Juazeiro e telegrafou ao governador solicitando providências no sentido de não permitir o desvio. Luiz Viana aceitou as razões dos reclamantes e não aprovou a proposição. Este foi o primeiro grande serviço que prestou à sua terra o Dr. Adolfo Viana.
A rebelião de Canudos ensejou a mobilização de tropas policiais da Bahia e de outros estados, e também, de forças regulares do exército, em contingentes que se sucediam na luta , enfrentando as maiores dificuldades. Um corpo de saúde formou-se na Bahia a fim de prestar serviços no campo da luta. O Dr. Adolfo Viana, ainda estudante, ingressou nesta falange como auxiliar, tendo trabalhado junto aos médicos e enfermeiros, em linha de frente. Dada sua dedicação aos feridos, atendendo-os até nas trincheiras, recebeu, em ordem do dia do General Artur Oscar. Foi portanto um dos heróis da campanha.
O Dr. Adolfo Viana casou-se em primeiras núpcias com D. Maria da Gloria Viana, conhecida na intimidade pela alcunha de Sinhã Pequena. Do casal nasceram os seguintes filhos: Adalgisa (dadá), que reside aqui em Juazeiro; Helena, Adolfo e Aloísio, já falecidos..
Clinicava em Juazeiro e em Petrolina, sempre demostrando capacidade e abnegação à causa de curar quando um acontecimento veio tirar-lhe o gosto pela carreira que abraçara. Morreram de sarampo dois dos seus filhos: Helena e Aloísio. tal fato trouxe profundo desgosto ao esculápio, que tornou-se a ponto de oferecer a portentosa biblioteca que possuía, composta de preciosos livros que herdara do seu pai, ao Clube Comercial de Juazeiro. Desde então deliberou não cobrar de ninguém receitas ou consultas e tratamentos, embora continuasse a atender a todos que o procuravam.
Dr. Adolfo Vianna e o sobrinho Juquinha |
Estava em condições de assim proceder, porquanto, na ocasião dispunha de recursos substanciais - fazenda e sítios onde criava gado vacum e caprino. Explorava também a lavoura em terras da região do Salitre. As proximidades da nossa cidade achava-se sua fazenda - Periperi. Em certa ocasião associou-se aos seus amigos Emílio Ribeiro e Domingos Alves da Costa, constituindo a firma Ribeiro e Domingos Alves da Costa & Cia., um estabelecimento de vendas por atacados. Mais tarde montou a Farmácia Viana que ficou sob a direção do seu sobrinho Pedro Benevides. Financiou empreendimentos comerciais juntamente a seu filho Adolfo Viana Filho e teve oportunidade de fazer empréstimos à Prefeitura de Juazeiro.
Era o Dr. Adolfo dotado de grandes recursos oratório, embora não fosse muito afeiçoado a tribuna. Quando discursava empolgava as massas. Um discursos foi aquele pronunciado na recepção do Dr. José Cordeiro de Miranda, então Deputado Federal, quando este retornou do Rio de Janeiro como líder da política baiana. Ao assumir o governo do Estado o Dr. Francisco Marques de Góis Calmo, candidatou-se ao cargo de Prefeito e foi eleito, havendo desempenhado o cargo por pouco tempo, passando o poder ao seu substituto legal, o Cel. Leônidas Gonçalves Torres, então presidente da Câmara. A razão do afastamento prendeu-se a questões de escrúpulo, em vista de ser um credor da municipalidade e não querer pagar a si próprio o que lhe era devido. Um dos seus irmãos, o Dr. Anísio Viana, deixou viúva a D. Amália, com quem casou-se em segunda núpcias, nascendo do novo casal um filho que não subsistiu. O Dr. Adolfo era médico da antiga Viação Férrea Federal Leste Brasileira. Faleceu no dia 28 de agosto de 1961.
Fonte: Jornal RIVALE - 01/05/1976