sábado, 3 de julho de 2010

OLHOS DE POETA - TERRITÓRIO

João Cabral de Melo Neto ( 1920 - 1999 ), recifense, diplomata, escritor que prima pelo rigor da linguagem, traz imagens surrealista em seus poemas, traduzindo em pura beleza linguística a aridez da seca nordestina. O poema O cão de plumas, que fala do rio Capibaribe, figura entre os dez melhores poemas brasileiros do século XX.
Porém o poeta tornou-se popular com o auto de Natal Morte e vida severina. Encenada pela primeira vez em 1968, com música de Chico Buarque, esta peça teatral é denúncia e anúncio emocionado da violência sofrida camponeses vítimas da absurda concentração de terras que ainda prevalece no Brasil.
A poesia de Cabral investe em um lirismo ácido, celebral, íngreme e ao mesmo tempo carregado de emoção - cada palavra tem seu lugar exato no poema e parece ser talhada na porção mais funda da alma humana. Em seu poema A literatura como turismo, ele diz que alguns autores nos levam para passeios de fins de semana por suas obras e acabamos por habitá-las. Com Cabral é assim. O poeta levanos dos baobás do Recife aos baobás do Senegal, das margens do Capibaribe a Sevilhas, da escassez á abundância.
É difícil resistir à tentação de nos tornarmos cidadãos desse território fascinante, como Frei Caneca, Severino, o lavrador, Clarice Lispector e até... um piolho de Rui Barbosa.


ORIGEM: Guia do Livronauta - MEC


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