terça-feira, 12 de julho de 2011

Agostinho José Muniz- Fragmentos de uma Vida Educacional e Poética

Profº  Agostinho José Muniz

Nasceu em 10 de fevereiro de 1901, na cidade de Juazeiro-BA, o dono de uma memória admirável: Agostinho José Muniz, filho de José Mariano Muniz e Josefa de Souza Muniz. Na infância, sempre alcançava o primeiro lugar nas aulas e se destacava, admiravelmente, quando o assunto era história do Brasil e Ciências Naturais. Agostinho concluiu o curso primário na escola do professor Luiz Cursino da França Cardoso, mas desejava continuar os estudos. Para isso, começou a trabalhar no comércio de Juazeiro e à noite, estudava as matérias do curso ginasial, para ingressar no Colégio Estadual da Bahia, na capital, Salvador.
Com muito esforço e dedicação, Agostinho deixou a cidade de Juazeiro para ir estudar o curso secundário e trabalhar em Salvador. Mais tarde, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia. Entretanto, cursou apenas o primeiro ano de Medicina, pois, como estudava durante o dia e trabalhava à noite, teve a saúde abalada e não pode prosseguir. Como não conseguia se desprender dos estudos contínuos entregou-se de corpo e alma à carreira do magistério.
A partir de então, Agostinho Muniz começou a sua vida de professor primário em Salvador. Porém, o seu grande desejo era lecionar na sua terra natal e, por isso, regressou a Juazeiro e fundou a sua primeira escola primária. Embora lecionando para o curso primário, desejava fundar um curso ginasial em Juazeiro. Com muito esforço o professor conseguiu iniciar a construção de um prédio no qual seria instalado o ginásio, no entanto, ele não conseguiu apoio financeiro dos poderes públicos e a construção não passou de um alicerce.
Fundadores do Colégio Ruy Barbosa
Além de um dedicado professor, Agostinho José Muniz foi um estudioso das leis trabalhistas e introdutor do direito do trabalho no Fórum de Juazeiro. Foi, portanto, um grande advogado dos pobres e da classe trabalhista. Fundou o Partido União Trabalhista Juazeirense e, meses depois, o jornal “O Trabalho”, do qual foi redator e, por esta razão, muitas vezes preso. Além disso, em 1950, candidatou-se a vereador de Juazeiro, foi eleito, e permaneceu na Câmera de Vereadores da cidade, no período de 1951 a 1955. Entretanto, a política foi decepcionante para ele.
Colégio Ruy Barbosa
Contudo, esse envolvimento na esfera política permitiu que Agostinho retomasse os seus planos de instalar o Ginásio em Juazeiro, assim, ao lado de outros, conseguiu fundar o Colégio Ruy Barbosa. Foi o primeiro diretor do Colégio e, com muito esforço (pois, muitas vezes, saia pelo comércio e pelos Bancos da cidade pedindo dinheiro emprestado para pagar os professores, até que recebesse algum auxílio do governo), conseguiu manter as portas abertas para a classe menos favorecida do município.
Turma do Colégio Ruy Barbosa
.Dedicou-se muitos anos ao Ginásio Ruy Barbosa, mas, quando menos esperava, do cargo na direção passou a exercer apenas a função de simples professor. Agostinho Muniz não resistiu a isso, isolou-se de tudo, ficou muito doente e veio a falecer em 10 de janeiro de 1960. A maior parte da sua vida foi destinada à educação e as boas causas sociais, mas não teve esta restrição. Agostinho José Muniz, além de uma inteligência e memória admirável, trazia consigo o dom da poesia.
Turma do Colégio Ruy Barbosa

PROFISSÃO DE FÉ

Capitólio longínquo, onde quer que demores
Um dia hei de alcançar-ter, do meu ideal ao fim...
Que não me falta a fé, nem me falece ardores,
Não me conduza, embora, em áureo bergantim.

Não por palmas, lauréis, púrpura, sólidos, sólios, flores,
Sagrações pessoais, ou pedestaes de marfim...
Mais a vida da Idéia – a Obra cheia de esplendores,
Tal qual mente a sonhei e a sinto dentro de mim

Hei-de vê-la surgir, alevantar-se e erecta,
Florescer, a dar frutos, influindo directa
Em mais altos ideaes da moça geração

Que não quero outra glória e nem sonho outro feito
E nem pode viver no estreito do meu peito
Mais elevado anseio, mais larga aspiração [sic].

Agostinho José Munis.

Poesia publicada no Jornal “O ECHO”, datado de 16 de Maio de 1931.
Por Edilane Ferreira
Fonte: O arquivo de Maria Franca Pires: memória e história cultural na região de Juazeiro-BA.


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