Siana Branca era uma moça que morava às margens do Rio São Francisco. Era conhecida em Santa Maria da Vitória, Lapa, Correntina, Barra, e outras paragens às margens do Velho Chico.
Conhecida por sua beleza, alegria e jeito de viver.
Como todas as ribeirinhas daquelas placas ela tinha por motivo maior ir ao porto esperar as barcas, paquetes famosos e os bonitos vapores.
Mas a paixão era mesmo pelas barcas, e para esperar barqueiros e remeiros as moças enfeitavam suas belas cabeleiras com coroas de flores, de preferências rosas, rosas vermelhas e naturais.
Certo dia anunciaram que a famosas barca Serena iria chegar, e todas as moças começaram a preparar-se para a chegada, o grande encontro, festa de amores. Acontece que Siana Branca se distraiu e não teve tempo de encontrar rosas vermelhas para ornar seu belo rosto e exuberante cabeleira.
Saiu de casa direto para o porto, iria encontrar o seu remeiro, pois é necessário dizer que Siana Branca só amava remeiro, Nenhum homem por mais belo e rico que fosse não lhe despertava amores nem paixões. Ela só amava homens do rio, e do Rio São Francisco.
E, muito aflita começou a procurar rosas, rosas para o seu cabelo, e nada... Mas. eis que de repente ela viu uma menina com um lindo ramalhetes de rosas vermelhas e falou: - Menina me venda flores, essas rosas ai nas suas mãos.
- Não. Respondeu a menina. Vou levá-las para Nossa Senhora, lá na igreja.
- Não! Não vá, me venda... Disse Siana Branca.
- Não vendo. Mamãe mandou elas para Nossa Senhora. É uma promessa. Não vendo. Disse a menina seguindo o seu caminho.
Siana Branca seguiu a menina e viu quando ela depositou as flores no jarro Siana tirou as flores do jarro e enfeitou sua belíssima cabeleira. Naquele momento ouviu-se um grande grito e depois profundo silêncio.
A noite descia lentamente. Muita alegria no porto. Finalmente seis horas., e a Barca Serena apontava com alegria. Remeiros, donos da barca, uma festa" E um remeiro gritou: - Onde esta Siana? A bela Siana Branca? Onde está Siana? nada. Ninguém sabia, ninguém a encontrava. Vamos procurá-la. Falou alguém. E assim passaram a noite a procura da bela Siana Branca.
Madrugada, voltando para a embarcação uma tristeza invadia a pequena cidade.
Manhã cedinho, manhã luminosa, as beatas indo para a igreja e adentrando viram voar perto do altar uma crueira, porém bem diferente das outras. Ela tinha as asas brancas com pinta vermelhas.
- Que coisa estranha! Alguém falou.
E as beatas e rezadeiras ouviram uma voz: - Esta é Siana aqui é Siana Branca. ficou encantada. Roubou flores da Virgem Maria para adornar seus cabelos. As manchas vermelhas nas asas brancas são sumos das pétalas das rosas vermelhas que ela tirou do altar...
Siana Branca agora é uma crueira encantada. Não será mulher nunca mais... é uma ave triste.
LIVRO: Lendas e Mitos do Rio São Francisco
Maria Izabel Muniz Figueiredo - Bebela