domingo, 20 de setembro de 2009

ÁGUA

Juazeiro surgiu à margem direita do Rio São Francisco. Sua população sempre teve água com fartura para viver,mas, esta fartura de água tem trazido algumas vezes, problemas e tristeza para seus habitantes:
Basta lembrar as grandes enchentes, que deixaram a cidade quase destruída.. Entre elas citaremos a de 1906, a de 1919 e a de 1926.
Juazeiro fica num nível muito baixo e suas terras são semelhantes a uma concha: quando caem chuvas pesadas, muitos pontos da cidade ficam alagados; os riachos sangram e provocam vários prejuízos à cidade. O rio já trouxe muitos dessasossego para a população.

No momento atual, os problemas de inundação são mínimos. O rio é controlado pela Barragem de Sobradinho; parte da cidade é protegida pelo cais e alguns riachos foram desviados, para evitar maiores perigos de enchente.
Até meados deste séculos, Juazeiro não tinha um serviços de água e, consequentemente, a água não era canalizada.
As casas eram abastecidas pelos aguadeiros e aguadeiras.

Alguns aguadeiros carregavam a água com o auxílio de jegues; colocavam neste uma cangalha e, de cada lado deste, dois barris de madeira. Outros apoiavam nos ombros uma espécie de caibro e em cada ponta prendiam, com auxílio de cordas, uma lata; os ombros eram protegidos por pedaços de pano semelhantes a uma rodilha. Os aguadeiros de Juazeiro imortalizaram-se, transformando-se em tipos folclóricos.
As aguadeiras eram mais elegantes na sua simplicidades; usavam vestidos já envelhecidos; na cabeças colocavam uma rodilha de pano e sobre ela uma lata cheia d'água; na abertura da lata, era colocado um pedaço de madeira prendendo os dois lados; esta madeira ajudava no trabalho de encher a lata de água e coloca-lo na cabeça.O pagamento deste trabalho era feito mensalmente ou por latas entregues diariamente ao consumidor.
É inesquecível o visual oferecido por estes trabalhadores, no vaivém na travessa (Av. Adolpho Vianna).
A água para beber era colocada em um filtro de pedra, que parecia um grande funil feito com cimento, Apoiava-se na abertura de uma banca alta, tendo na parte inferior um pote para receber a água filtrada, onde caía gota por gota. O pote descansava sobre uma tábua presa na banca. Nos dias de grande calor, o filtro precisava ser lavado várias vezes para filtrar com mais facilidade.
Relembramos alguns aguadeiros; Chiquinho Bá-bá-bá, João Maõzinha, Manoel da Jega, Amassa Barro, Capa Jegue, Cequinho, Sinhá Esteva e Vicente, que de uma só vez carregava seis lata.
Nos fins da década de 20, o Senhor Monteiro, um Cearense, que viveu aqui muitos anos, manteve um serviços particular de água encanada: era água bruta. A bomba ficava na beira do rio e, no começo, puxava água para sua casa comercial, abrangendo hoje "A Pioneira" e instalações da Antártica. Tal foi o sucesso do seu invento que começaram a aparecer propostas ao Sr. Monteiro, no sentido de fazer ligação de água para algumas casas, na praça da Prefeitura.
Ele com alto espírito de negociante, estendeu os canos por quase todas as casas daquelas praça, chegando até à Praça da Misericôrdia. O Prefeito da época fez terminar este serviços de canalização de água, alegendo que particular não podia exercer serviço dessa natureza.
Só em primeiro de janeiro de 1955, o SESP, com o apoio do Prefeito Edson Ribeiro, inaugurou o serviço de canalização de água. O Sr. Euclides Duarte foi o primeiro a fazer ligação do serviço de água em sua residência à Rua Antônio Pedro, Nº 513.
A Estação de Tratamento de Água fica localizada no bairro de Santo Antônio. A água é retirada bruta do rio por meio de bombas que ficam colocadas na beira do rio. Passa para a Estação de Treinamentos, onde ela vai perder todas as impurezas. Recebe o sulfato de alumínio. Passando por decantadores, filtro, ela recebe o cloro, o flúor para, finalmente, poder ser distribuída aos consumidores. A água usada em Juazeiro é a de melhor qualidade no Brasil.
LIVRO JUAZEIRO BAHIA - Maria Franca Pires (1988)






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