quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A EPOPÉIA DE ANTONIO CONSELHEIRO

Agradam-me os estudos de temas e figuras regionais, que, principalmente se elaborados por filhos das próprias regiões, deste sertão que tanto me cativa a inteligência e o coração, ganham proporções maiores.
Outros podem saber mais, interpretar cientificamente a paisagem, comparar os fatos, descrever os episódios com maior clareza de raciocínio, mas perdem em sensibilidade quando falam em alma interiorana brasileira. O sertão pode ser de todos nós, que lhe acompanhamos o sofrimento, porém é principalmente daqueles que nasce aqui vive os seus dias de amargura com poderosa esperança no coração - por isso a frase famosa e formosa de Euclides da Cunha. já quase centenária, "O sertanejo é antes de tudo um forte", ganhou justas proporções de lema brasileiros.
No quadro cultural de centenário canudense, faz 100 anos que Antônio Conselheiro de alcunha morreu e o sertão surgiu fazendo de seu martírio sua glória. Sinto-me cada vez mais atraído pelo passado, pelo presente e pelo futuro da gente indomável que viveu, vive e viverá suportando o amargo da seca e aguardando os renovados milagres da chuvas. Aqueles que exaltam e cantam a vida do sertão, dos seus heróis anônimos e suas lideranças enérgicas, como é o caso de Parlim, poeta que sabe desenhar, desenhista que sabe poetar. Eles são legitimos portadores da linguagem sertaneja.
Nesse trabalho de tintas fortes, o moço sertanejo Paulo Marcus Ribeiro Vianna, professor de arte na sua Juazeiro baiana, tem posto o pincel para envolver na obra meritória, na realidade histórica e na adorável fantasia da lendas. As caricaturas por ele traçados se parecem com a utopia dos conselherista, juntos aos quais, nas horas marcadas de "guerra do fim do mundo", lá estava, na ânsia de reviver a vida, seu avô paterno, o acadêmico de medicina Adolpho Vianna, um daqueles alunos da gloriosa Faculdade de Medicina da Bahia, empenhado nas crônicas da companhia do Belo Monte pela dedicação extraordinária à vida do brasileiro, jagunço ou macaco que se bateram na porfia de incompreensão da nossa nacionalidade. Os traços e as palavras de Parlim bem podem ser mensagens psicografadas do humanitário Dr. Adolpho Vianna. Acontece que, algumas vezes, "os mortos governam os vivos".
Prof. José Calazans
Escritor e Historiador

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