Em décadas atrás, existia na rua Eduardo Brito, então chamada "Boa Esperança", um cabaré muito "chic", o cabaré de Filinto - um simpático sub-tenente reformado da polícia baiana.
Em uma noite, sem o clarão da lua, voltava para a casa um dos músico, tocando uma valsa no seu clarinete; era costumes dos músicos tocarem pelas ruas. Ao chegar à rua D'Apolo, avistou uma mulher: o coração começou a bater desordenadamente.
Era uma mulher alta, muito loira e bonita. Mas, tinha ares de coisas do outro mundo. O músico, sem abandonar o instrumento, foi aproximando-se daquela "aparição". Que coisa desagradável ! Os cabelos começaram a arrepiar. O esforço para continuar tocando; ia além da sua resistência, as pernas bamboleavam e o encontro com a "assombração" seria inevitável. Passou por ela e percebeu o mais enigmático sorriso.
Tocando sem parar, sentia-se, agora acompanhando por aquele "fantasma". Chegando à sua casa. meteu o pé na porta: a cadeira que prendia saiu rolando pela sala e o pobre músico cada vez mais; desamparado. A mulher também entrou com ele e não se afastou do seu corpo. Tremendo e suando, conseguiu meter-se debaixo da coberta, que é refúgio dos medrosos. Ainda assim não se livrara da imagem da mulher cada vez mais viva.
Através de uma voz cavernosa ouviu a frase de despedida, "muito obrigado pela música" e desapareceu.
O músico é que nunca mais saiu tocando pelas ruas sozinho.