P. Como foi sua carreira no magistério ?
R. Foi uma luta muito grande: recém-formada em 1941, fui convidada para lecionar no Colégio das Freiras em Petrolina, onde havia me formado. Em 1942 fui fazer concurso em Salvador para o magistério primário. Fiquei com uma família muito amiga de meu pai e achei que aquela vida da capital era o interior. Então, lá em Salvador, eu dei curso particular, fui uma das fundadoras da escola do SENAI, em 1945. A escola funcionava no Barbalho, no prédio da Escola Técnica de Salvador. Em 1947, lecionei na Escola Abrigo dos Filhos do Povo, que era dirigido pelo pai de Irmã Dulce, Dr. Augusto Lopes Pontes, um homem muito exigente.Justamente nessa época fui nomeada para o estado e comecei minha vida de professora primária em Bom Jesus da Lapa. Lecionei lá o 2º semestre distante de casa, da família, em um lugar que eu apenas conhecia de passagem. De lá fui removida para Remanso. Nessa remoção no ano de 1950, ano de eleições. Eu era uma grande admiradora de Juracy Magalhães e votei nele. E, pelo fato de ter votado em Juracy e ter sido transferida para lá pela forma política de Dr. Luiz Vianna Filho, fui perseguida pelo grupo do PSD da época. No ano seguinte fui transferida para Sento-Sé. porém não tinha nenhum sentido eu ir trabalhar lá e o Dr. Luiz Vianna conseguiu minha remoção para Remanso. Os políticos do PSD sentiram-se agredidos e com seus méritos diminuídos perante seu eleitorado. Vinte e sete dias depois o Dr. Régis Pacheco, que tinha sido o concorrente de Juracy Magalhães e vencedor da eleição, tranferiu a cadeira que eu ocupava em Remanso para a sede de Juazeiro, continuando sob minha rêgencia. Então, desse jeito, conseguir meu grande sonho que era ficar junto de meu pai, junto de minha família. E, desde 1951, todo o meu campo de trabalho foi aqui.
- P. E sua história, como mulher, como é que foi ? Teve barreiras, não teve barreiras ?
R. No meu tempo era diferente! Naquela época tinham a figura do pai , da mãe, do avô, da avó, das tias velhas e os primos velhos ainda eram tios, também! A gente tinha que respeitar essa gente toda. Vivíamos dando satisfação dos nossos atos à família toda e eu não gostava de fazer isso, mas tinha as minhas limitações. Acho que nasci numa época errada, para mim, para o meu temperamento, para o tipo de gente que eu sou. Nascendo agora, talvez, fosse melhor.